quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Foi o suficiente?

Ele estava desmaiado dentro de um poço. Coberto de barro e raízes que o puxavam pra baixo lentamente, muito lentamente. Uma tortura psicológica para quem observasse. E realmente, existia alguém, ou melhor, algo. Os olhos vermelhos saboreavam a visão da morte, lenta e saborosa, como se estivesse absorvendo algo. A criatura salivava, sorria quase insanamente, pintando com um amor doentio o quadro que se gravava em sua mente.

Zidan começou a despertar na lama, e sua memória se focava aos poucos.

Ele chegara na cidade, contratado para escoltar um grupo de clérigos. Missão cumprida, fora sondar os acontecimentos na taberna da cidade. Fazia algum tempo que ele não interagia com humanos, ou quem quer que seja. A taberna estava incrívelmente cheia, música incessante (e insuportável, ele gostaria de acrescentar, o fazia lembrar de um certo paladino), e muitos, muitos aventureiros.

A "festa" se deva aos avanços da campanha na espinha do mundo, e essa pequena cidade portuária era um dos únicos, senão o único ponto de parada antes da longa jornada pelas planícies geladas. Anões, Meio-Orcs, Meio-Elfos, Elfos, e até alguns Drows estavam ali, aproveitando o breve momento de calmaria, antes de congelarem suas almas. Zidan sorriu brevemente, lembrando-se de algumas campanhas anteriores. Pediu um vinho barato, queijo, e começou a apreciar os planos absurdos e confusos de alguns idiotas.

- "Há! E eu já tinha até festejado a sua morte!"

Disse o taberneiro, um anão deveras simpático, se anões tivessem simpatia. Seu rosto cheio de cicatrizes, vindas de alguns dragões.

- "E você continua não sabendo aonde comprar vinho, ô pixie."

- "E seus modos também não melhoraram em nada. Eu achava que os elfos só eram incovenientes. Mas você consegue levar a raça deles a um patamar totalmente novo na arte de incomodar pessoas."

- "Mas eu não estou vendo pessoas por aqui..." - debochava Zidan.

- "Ah, mas eu tenho certeza, certeza absoluta, que um dia, o Tarrasque vai achar a bendita árvore frutífera que você mora, seu amante de goblins! Em nome de Moradim!" - sorria Wardorr.

Após uma longa conversa, Wardorr o contou sobre alguns problemas que os aventureiros trouxeram. Desaparecimentos, assassinatos, sequestros, saques. Mas um chamava mais a atenção de Wardorr. Contou a Zidan o caso do desaparecimento das Gêmeas Sobrëo, filhas do prefeito da cidade. Plena luz do dia, com os guardas e a milícia toda em volta da casa. Era exatamente o dia do aniversário das meninas, e elas desapareceram dentro da própria mansão. Fato curioso foi achar pedras preciosas, (preciosíssimas, ele acrescentou) no quarto das garotas. Era como se o vilão as tivesse comprado. Duas Madrepérolas, do tamanho de um punho. A beleza das pedras só se comparava a das meninas.

Tudo foi cogitado: Transformação, bruxaria, mas nada disso revelou o paradeiro das garotas. O que quer que tenha sido, desapareceu como o ar, levando as garotas. Wardorr agora chegava na parte interessante. Uma cigana tinha aparecido semanas atrás, pedindo abrigo. Bastante quieta, pagou adiantado, sem perguntas. Wardorr fornecia abrigo a esta jovem, "Linda como uma caverna de diamantes."

O que ela tem a ver com a história do desaparecimento das gêmeas? O chão me diz meu amigo. A forma como ela anda. Suas vibrações, seu constante estado de alerta, de proteção. Essa garota busca algo que eu não posso dar pra ela Elfo, e isso é a paz. Eu comecei a desconfiar que ela soubesse de algo logo quando ela chegou. Seus olhos escondiam um medo enorme, um mistério enraizado na sua alma. E aí que o Abocanhador pula meu sensível amigo, não é que ela tenha medo. Ela tem um zelo enorme por nós, simples mortais. O jeito que ela observa a floresta a noite, como se impedisse com os olhos e o coração algo de sair.

Zidan estava confuso, não entendia por quê Wardorr confiava a ele essa história, e nem como um Anão dizia com naturalidade que uma humana era Linda. Ele continuou dizendo que desde a chegada da jovem, não houveram mais sequestros, mas ela estava ficando cada vez mais retraída e saia menos de seu quarto.

- "É agora. Ela aproveita esse momento, quando os clientes são poucos e bêbados para se apresentar."

- "Como assim?"

- "Ela é uma cigana. Ela precisa dançar para viver. E também precisa pegar um bom dinheiro desses idiotas pra me pagar!!" Ria Wardorr.

Por segundos, o coração de Zidan parou de bater. A beleza da jovem era comparada a Ehlona, e ele nunca se perdoou por tal heresia. Sua dança não tinha música. Ela tinha um ritmo visual, ela hipnotizava olhos atentos e os perdia em uma dimensão de beleza. Seus movimentos eram leves, constantes, serenos e maravilhosos. Ele não conseguia fechar a boca. Era o que parecia ser a Humana mais linda de sua curta vivência até hoje.

Quando terminou de dançar, Zidan, fora do transe que ela lhe causou, começou a reparar nos arredores. Todos os presentes estavam em êxtase, sorrisos vagos em seus rostos, uma alegria intensa emanava no lugar. Então, ao olhar novamente para a cigana, seus olhos se encontram. Um forte sentimento caiu sobre Zidan, este sem entender por que. Então, em um súbito sorriso, ela começou a se mover, com o tempo quase parando, uma névoa que envolvia a todos...

De repente, ela sumiu. Zidan estava olhando o nada, quando Wardorr o cutucou. "Sua sorte, é que ela gostou de você. Gosto não se discute." E então começou a gritaria. "humano imundo! Se aproveitou da beleza da jovem para nos roubar! Acabem com ele!" Socos chutes, e a velha flauta, sanfona e violão voltaram a tocar.

Zidan resolveu investigar um pouco. Conversou com a milícia e os criados da casa Sobrëo, tentando encontrar alguma pista, uma leve visão que seja. Mas nada. Ninguém sabia de coisa alguma. Mal se lembravam do incidente agora. Era tudo muito completo, quase um plano perfeito. Pelo que conseguiu reunir, Zidan viu que havia uma brecha por onde algo, ou alguém poderia ter passado na rotina dos empregados, milícia e transeuntes. Um caminho que se mostrou pra ele claro como o dia, mas ninguém conseguia explicar como aquilo era possível.

"Quando procuramos algo que não queremos encontrar, surgem dúvidas que não queremos ter. Medos que nunca presenciamos. Calafrios que pertencem a outrém. Ranger... os perigos na floresta podem fácilmente ser superados... mas os perigos da mente são labirintos intransponíveis àqueles que não querem compreender." Uma criança súbitamente começou a falar na frente de Zidan; era a segunda vez que sentia aquela sensação de incapacidade no mesmo dia.

"Se Ehlonna está com você, elfo, ela lhe impedirá de continuar." - Sua voz era um agouro, entoado pelo vento frio das espinhas do mundo.

"O que você acha que está dizendo a um adulto, seu tolo?" - Zidan disse perdendo a paciência.

"Nada senhor! Nada!" - Lágrimas súbitas e um olhar muito confuso surgiram no rosto da criança, que saiu em disparada.

"Que as bruxas me dilacerem... mas parece que esta cidade me odeia mais que aquele Faraó Egípcio..."

Zidan estava se aproveitando da hospitalidade de Wardorr (se é que esta existia para um elfo) e se instalou em um quarto. A noite, ficou analisando a floresta e a Lua.

Um ruído muito pequeno, inaudível para ouvidos não-treinados, passaria dispercebido no corredor. Zidan sentiu algo na espinha, e resolveu ver aonde aquilo ia dar. Os passos dados com demasiado cuidado, a leveza nos pés, informaram Zidan que a mulher estava com muita pressa. Ele sabia quem era. Utilizando as sombras como esconderijo, seguiu o vulto invisível, mascarando sua presença na sombra de sua vítima.

Mais e mais, eles entraram na floresta. Mais e mais Zidan sentia que aquela não era sua floresta. Mais e mais se sentia exposto, observado, com medo.

Após quase 2 horas de caminhada, ela parou. E Zidan subiu em uma árvore próxima, apenas observando a clareira a sua frente. E ele sentiu como se o vento tivesse se aproximando. De todas as direções. Seus sentidos estavam confusos e tensos ao máximo, Zidan se esforçava para impor a si mesmo que ainda não fora visto.

Então, uma pequena massa corpórea saiu de dentro do chão. Uma poça de barro, tomava a forma de um corpo humano pequeno, raquítico, antigo, na frente da cigana. Tudo era silêncio. Agora nada fazia barulho. A floresta estava morta. Estava tudo tão longe, tão perto, Zidan se sentia mais perdido do que nunca. Não se imaginava mais vivo, mas como uma existência forçada, indisposta. Horas se passaram até que alguém quebrou o silêncio.

"O que aconteceu com você?" - a voz doce susurrou.

"..."

A criatura, agora com roupas e a aparência de um senhor de idade, apenas perfurava a moça com os olhos. Era como se a coisa que mais quisesse no mundo era ela. Um olhar desejoso, impiedoso, forte e intenso.

"Eu apenas sigo com minha liberdade..." - Uma voz surgiu da criatura. Rouca, baixa, arrastada.

"Você nunca mataria alguém! Em todos esses anos, sua ganância era impedida pela sua humanidade! Até aonde você quer chegar?" - A voz da cigana tremia, chorosa.

"haha... Eu não pretendo chegar em lugar nenhum. Me manterei nesta terra até que o fim dos tempos me leve... Não tenho pressa. Não tenho mais nada. Apenas meu desejo. Mas posso ver que o seu zelo trouxe algo descartável com você..." - sorriu o simpático velhinho.

"...!" - A cigana percorreu a mata as suas costas, com uma esperança cega de que ninguém a tivesse seguido. Seu rosto ficou preenchido de pânico com aquelas palavras.

Zidan percebeu então que era hora de aparecer. Desceu das árvores imponente, ignorante, e com um sorriso de desém estampado. A cigana caiu aos joelhos.

"porque...porque..." - sua voz rouca ia ficando mais fraca.

"Este velho é o sequestrador das meninas?" - Zidan disse.

Houve então um silêncio mortal novamente. Apenas o choro baixo da cigana era ouvido.


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Cansei oO

Manolos, esse texto tah mto tenso!!!

Eu n consigo pensar em um desfexo pra essa joça dessa história!! xD

Mas temrinarei =D

Bem, como não terminei, e disse que terminaria tem duas semanas, psotarei ele incompleto aqui, na esperança de que eu consiga inspiração para terminá-lo logo.

Um grande abraço ae pra minha leitora Jessy =D

E eu queria escrever litros mais coisas, mas a preguiça me mata... mas agora eu to animando com o blog novamente, jah tem 3 "contos" no forno...

Mas primeiro tenho q terminar mais essa aventura bunita do Zidan ;D

Abrazzoles moçada o/

Confusion

Boa noite queridos coleguinhas 8D

Parece ser mesmo impossível manter uma periocidade neste bendito blog. Mas até que isso é bom, não me atenho a obrigações e me sinto confortável para escrever.

Nessa pequena ausência, aconteceu tanta coisa, VGL, Casamento, dentre outras, que de tanta coisa que eu senti, é como se não tivesse acontecido nada. Memórias desses eventos, e algumas das emoções são tão profundas e únicas, que não teria sentido eu tentar escrevê-las aqui.

O VGL foi sublime. Ter a chance de escutar suas músicas favoritas orquestradas e tocadas com paixão, muita emoção, é inexplicável. Eu me senti ainda mais abobado com relação a minha música favorita. Quando o Tommy disse que ela foi a música mais pedida no VGL, eu me dei conta de um fato interessante. Eu não mexi um dedo para pedir pra eles tocarem Chrono. Realmente, n precisavam de mim xD

Uma coisa que intriga algumas pessoas, é o "por quê" esse evento foi tão bom. Simples, boa música, tocada por uma bela orquestra.

- "Mas Marcelo, música de jogo? faça-me o favor ¬¬"

Amiguinho, te pergunto. Você não gosta da trilha-sonora da sua novela? de filmes?

- "Mas é diferente!"

Aonde... veja bem. A música está presente, por que faz parte de um conjunto, ela está ali com a obrigação de criar um clima, esteja inserida aonde ela estiver. E você acaba por inserir diferentes tipos de reações quando escuta essas músicas. Você assimila emoções pra elas de acordo com o que acontece na tela. E isso não é diferente dos vídeo-games. Se você ainda acredita que eles são, como o Tommy disse, plim, plim, soc, pow, mate o vilão e salve a pricesa, vc está redondamente enganado. E está na hora de você pelo menos dar o braço a torcer e ver o que está acotnecendo. Nós temos histórias bem construídas, personagens profundos, carismáticos e densos, estratégia e jogabilidade marcantes e complexas. Tá tudo aí, é só você abrir os olhos e parar de comprar opinião na padaria.

Música é Música em qualquer lugar, e o que importa é o que você sente.

Tô afim de um conto hoje...