Agora quem gargalha sou eu
por dentro eu grito, estremeço, vibro como se fizesse sentido novamente
a sensação é afobada, não é real; o corpo borbulha: anseia, não dorme, se desentende
dessa vez não reconhece por um motivo diferente
o timbre é arbitrário
Eu não sinto vontade de deixar passar, meu conforto não está na quietude, a palma da mão arde, a cabeça gira e gira e gira
meu peito alarda, um suspiro solto, o riso extravagante, o sorriso que vem da lua
eu estava anestesiado, perdido em um mar não tão salgado. Horizontes sem fim de calmaria tortuosa
a tempestade veio, me encheu de ar, de som, de vontade
eu não morro mais, até eu morrer
a música que vem tem o tom do seu olhar
a batida do meu peito são seus passos
a melodia que vejo é seu corpo
O timbre é minha cabeça longe do lugar certo
Quem sou eu?
Que poder eu tenho?
Como?
a ansiedade vem rápido e dilacera, não tem remédio, não tem travesseiro, não tem conforto
não é tão ruim