Deu pra sentir, facilmente, a ferrugem soltando seca da engrenagem
O estalo, o barulho do metal prensado, a força do movimento brutal
desgastado
um susto, um desconserto, em algum lugar uma cachoeira foi aberta
Eu nem sabia reconhecer flúido, reconhecer situação, reconhecer engrenagem
Meu corpo era um estranho pra mim, e do céu eu vi, minhas decisões irrelevantes
o corpo atropelava a razão do ser, sem pudor, sem freio, em um momento agora congelado no arrependimento
Eu sabia a razão, tinha noção do motivo, mas não tinha certeza, não tinha forças
Onde deixei, morto e esquecido, meu controle?
O desespero me abraçou como um velhíssimo amigo, me puxou pela mão, riu no pé do meu ouvido, me forçou os passos, lambeu minhas lágrimas, dobrou de rir do meu desencanto
e me abandonou no meio fio, como eu achei que você fez
o controle era meu filtro, lente, ótica que tentava ser saudável pro corpo
sem ele eu sou pedra oca, castelo no vendaval, apenas um monte torto de areia ao léu
Quem é você;
porquê está com meu controle?
O que é você;
que poder você tem?
Como?
a razão, com uma vassoura e uma pá;
catando meu corpo birrento, estraçalhado no asfalto;
ela gargalha
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