sexta-feira, 22 de março de 2024

O alquimista

 Tô me sentindo assim, transformando palha em ouro.


Não de uma forma que seja lucrativa, boa, ou até mesmo útil. Mais da forma superlativa, apenas referenciando algo que se transforma, transmuta em uma coisa fundamentalmente diferente através de um catalisador. É isso que me senti fazendo, já a algum tempo, com o que eu tenho identificado. Não basta a recorrência das minhas péssimas interpretações, eu tenho que ter esperança, torcer e acreditar, ousar ter fé, pra depois tudo vir abaixo. 

Eu construo castelos de areia e baralho, os dou nome e propósito, confio cargos, os convenço que nunca serão pisados ou derrubados, mas antes de sequer terminar meu discurso de inaguração, os pés já vem em velocidade terminal para destruir o que não tem nem base firme ainda.

Que habilidade é essa, absolutamente aterrorizante de me iludir? E por isso a alquimia. Eu consigo tranformar migalhas, resquícios de educação e sorrisos amarelos em sentimentos impossíveis, uma nação fortemente armada de imaturidade e ineptitude. 

Inepto em sobreviver, em interpretar sinais, em ser um adulto brevemente funcional. O desespero permeia o desconforto, a confiança dá asas a imaginação e deixa livre o coração pra se jogar as traças, como todas as outras, poucas, mas todas as vezes. É meu maldito ego? É saudável eu continuar acreditando nesses contos de fadas? O próprio doutor estranho das infinitas possibilidades, despreparado para lidar com as negativas. Não evolui, estagnado, e um absoluto nojo de esperançoso. 

Eu ando em meio a multidão, sem local próprio. Sorrindo e acenando, ousando ter esperanças. Até quando? A pior parte é ficar tão feliz acreditando no seu sorriso. Eu não queria que tivesse acabado.

A noite se fez pó em segundos.

Do dia só me restaram as lágrimas.

Me pergunto, novamente.

Eterno, enquanto dure.

Enquanto.

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