sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Pretty sure

 I'm pretty sure, that I have never wanted anything in my life, as I want you

I am far, far past the delusion stage

Crazy about you does not even begin to measure

I would pick up my shield again, for you

I would walk through fire, walk to the moon, fly without wanting

I would do everything in my power

I would not suffer for you though. Nor sacrifice myself. If we both can't stand on an even ground, if I can not worship you from eye level, I'd run away

I'm convincing myself that you are a glass humming bird

You will break from my breath

Flee from sight

But I have no idea where I am taking this hope from. It is here, and it is sweet as justice, light as dawn, fresh as spring

I was all broken pieces and sharp glass, you glued me with a glare

What kind of magic is this, that I know it is not for me, but I will die, I will die if I don't taste it from your lips

But even if the world ends

even if the stars have not designed us yet

I don't think it would kill me, really

I am so, so happy I met you

and I am so grateful to you, for breathing life again in this body

that I absolutely thought gone,

thought that maybe had overstepped a journey too much

here I am, silly and giddy and mended

I dare say not this is love, there is so few of you for that

But I am so drunk on this feeling

I can't stop staring at your smile

I have not been sleeping, my body burns from this fever

it has your name, you know

I will wait ages

for you

I want to live again

I want to

love again

I can't believe I said it

these tears seal it

please

please

please

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Set in stone

 Muito educada, muito pontual. Numa tranquilidade invejavel, um afago nas mãos, e uma negativa.


Agora seguimos em frente.


Quando eu paro pra fazer uma análise da minha dificuldade em seguir em frente com as minhas emoções, esta é a maior delas: Quando eu tenho algum sentimento, ele foi cultivado, regado, crescido, é viscoso, espesso, gruda, não sai com água, e demora, demora, demora pra dissolver. O ciclo tem sido esse. O sentimento some, o deserto volta, desespero, tristeza, desesperança, e então a semente vem, no absoluto meio do meu deserto de sentimentos, e lá nasce uma árvore de mana, a maior de todas as árvores, com raízes tão profundas quanto eras neste planeta. E de tudo que essa árvore me proporciona, seus infinitos benfeitos para minha alma, ela é dependente e paralela a reciprocidade. 

Quando não existe esta recíprocidade, lá vamos nós, com um garfo, derrubar uma árvore de milênia. Eu sou exagerado demais, mas eu não me engano. Essa insônia, esse desconforto, são amigos próximos, que vão me rondar durante esse tempo necessário pra destruir o que criei de belo nesse deserto.

Me surpreende quando outras pessoas me dizem a simplicidade que é fazer isso, a simplicidade que é seguir em frente, a facilidade com que esquecem. Eu passo por maratonas, escalo montanhas, canto óperas, choro rios, e a árvore persiste. A dor persiste. Eu sei que um dia ela vai cair, como todas as outras, e servirá de adubo pra próxima, talvez, mas agora, cada vez mais, eu tenho ciência que meu tempo para cultivar essas árvores está acabando. Não tenho muitas mais no meu âmago. Se é que eu até terei outra. Todas as vezes que derrubo eu acho que nunca mais, mas isso também já me provei que não dá certo. Mas o desespero do tempo, o bater das horas agora está mais amargo, mais iminente. 

Eu escrevo esse aqui, ainda debaixo da sombra desta; um momumento gigante, e que me surpreende todos os dias com o seu tamanho. Mas é cruel demais, tudo isso, todo esse esplendor, pra nada. 

Pra nada é mais um exagero, a auto-piedade fortíssima que me aflige, mas poxa vida. É bem triste. Mas seguimos, Não morri tanto dessa vez. Não caí. Tô apto. Só sinto que não tenho mais tempo.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Overflow

 Tô transbordando para uma carambola

não sei o que fazer comigo, com meu corpo, com minha cabeça

o coração voltou; de onde, não sei; como, não faço idéia; mas tá aqui me incomodando como se nunca tivesse ido comprar cigarro

eu tô vibrando

denovo

e eu não aguento mais escrever esse denovo 

Tudo que eu já sofri, ja chorei pra escrever, já pedi pra nunca mais, já IMPLOREI pra nunca mais,

tá aqui: vivo, latente, energético, FELIZ

eu não consigo resumir minha existência a menos que DESESPERO

eu quero sair gritando loucamente, quero me afogar na sua nuca, sufocar no seu cheiro, me abarrotar da sua presença, existência, luz

e não posso

não posso fazer nada, não consigo fazer nada

até o fim do mundo, certas coisas nunca mudam

o ciclo dos sentimentos é o mesmo, as dores são as mesmas, a gritaria e o barulho são ensurdecedores e me deixam completamente maluco

mas toda a força, toda a energia que eu tenho e tento gastar pra mudar isso, de um jeito ou de outro

falha

tudo falha

nada funciona

eu nunca vou acreditar em mim

eu só queria que uma vez funcionasse, e eu não precisasse ficar colhendo meus pedaços

a razão, com uma vassoura e uma pá

já gargalha

com bastante antecedência dessa vez 

eu preciso tirar isso do meu peito e a unica forma que consigo é isso aqui, essas palavras cheias de mim, minha alma impressa nesses pixels a deus dará

ninguém se importa

mas eu queria

eu precisava

eu não sei existir, não sei viver, não quero aprender

só quero sofrer

e parar de sorrir

domingo, 17 de novembro de 2024

But why?

 Why should I keep on living, after all?

Is it really worth it, this pain

and dare I say, not all this pain, but all the thorns surrounding it

why should I miss you when you cant remember me?

why should I suffer, all of this myself, in the name of someone who cant even name me in a crowd

how can I be so little, when before I was a whole planet

how can I be nothing in your eyes

they used to shine, for me

for me, and I dare never forget that

I'm still going

somehow, someway

contradicting all predictions and all eyes

I'm still living

no reason why. Just a day after another, week after week, hour after hour

I still cry, sometimes

but not for you, now

for me. for how scared I am of moving on

how broken I feel, when I take another step

all the glass that seeps in my, still missing, heart

I'm still here

Even if it is for nothing

even if it hurts every step of the way

even if I dare forget you, one day

I'm trying to smile and still moving forward

one day, again

I'll see me up there, not you


terça-feira, 3 de setembro de 2024

Eu preciso te esquecer

 Mas é impossível. Dificuldades: Seu sorriso fácil. O jeito que você conversa demais. Sua necessidade de conversar enconstando. Sua risada pra trás. O jeito que você dança quando alguma coisa que você gosta acontece. Suas caretas. Sua seriedade pra contar histórias e fofocas. Sua alegria genuína com todas as pessoas. Sua boa vontade. Seu coração que transborda por entre as frases. Sua vontade de mudar o mundo um dia de cada vez. Linda, linda, linda. 

Facilidades: Você não gosta de mim o quanto eu gosto de você.

Pronto, simples. Um não quer, dois não brigam. Por quê é tão difícil só te deixar ir? Já estou a um bom tempo, me lembrando todos dias, a todos os momentos, que você nunca vai querer nada comigo. Eu tento me afastar, tento me deixar quieto pra esquecer, mas todas as vezes que você aparece, é um sol gigantesco de dopamina, toda minha vontade inexistente se levanta do sono de eras, eu até consigo sorrir de verdade na sua presença. 

Dói demais. Saber, ter essa certeza de que você nunca vai me ver com esses olhos, me aperta. Todos os dias, a todo momento, sou eu tentando me conformar em viver essa realidade. Eu queria parar de sonhar. Eu preciso parar de sonhar, firmar o pé na minha vida e seguir em frente. 

Eu preciso te esquecer. Mas o maior obstáculo é você. 

Eu quero te esquecer, Eu vou te deixar ir. Vou arrancar essas raízes e deixar de beber essa água. De alguma forma, de algum jeito, em algum momento. Eu vivo torcendo por um céu nublado. 

Me deixa eu te esquecer.

Crescer foi a maior cilada que já me venderam.

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Ciclo

Enquanto caminho nessa floresta densa

notando cada ferimento, cada machucado, cada folha que rasga o olho

lembro a todo momento que a decisão de entrar aqui foi importante

porque eu não podia mais ficar em cima do muro

decidi adentrar, ignorando as dificuldades, tentando ignorar as dores

a todo momento eu penso que posso parar e voltar

tentar novamente, outro caminho, e não sozinho

mas a decisão de se manter só vem forte, resoluta

fraqueja a cada passo

as possibilidades se misturam a cada respiração

mas eu não tenho força de vontade para voltar e tentar denovo

eu consigo claramente ver que eu queria

não fui feito pra solidão

tenho a certeza de que sozinho eu não machuco outrém

não vou conseguir passar por isso sozinho

não vou desistir

essa escolha eu já fiz 

terça-feira, 16 de julho de 2024

Carta aberta ao meu nêmesis

 Opa 0, tudo bem?


Então, vou tentar ser sucinto e evitar desperdiçar seu tempo, que desde que nos conhecemos sempre foi muito valioso. De cara já digo que você só precisa ler este primeiro parágrafo, o resto sou eu destilando esse veneno podre que me consome provavelmente desde que me entendo por criança sem 0. Eu te perdôo por absolutamente tudo. Você foi um 0 ausente, tivemos nossos momentos, mas infelizmente passou. Sou um homem de 35 anos, não sei quantos anos você deve estar agora, mas de toda forma, obrigado por tudo que vivemos, agora podemos seguir nossos caminhos separados, como sempre deveria ter sido. Não vou te cobrar qualquer tipo de responsabilidade, retroativa ou atual, só quero distância. Eu te perdôo, mas este é o limite do meu bom senso. Não preciso ficar com o resto da sua presença na minha vida. 


A última vez que nos falamos cara a cara, fazem o quê? uns 8 anos? talvez mais. 7362829 ainda. Voltando do seu trabalho para sua casa, conversando sobre como minha 7 e as mulheres da família 736$8 eram terríveis. O clima estava agradável e descontraído, acho que você se sentiu confortável comigo pela primeira vez na vida, e resolveu me contar que eu não fui planejado, mas ainda mais, que você queria que minha 0 tivesse abortado. Eu te ouvindo, incrédulo, e você me contando ali, em uma seriedade digna de político, o quanto meu nascimento foi um evento não agradável para sua vida. 


Compreensível, afinal, você fez a escolha sensível de apenas ir embora, "a trabalho", traiu minha 7, arrumou outras, se separou, e achou justo me ver "quando desse." Olha, eu não vou te cobrar nada aqui. Como eu disse antes, eu estou colocando pra fora esse câncer que me consome a vários anos. Eu não te culpo, você fez as decisões que você achou melhores, ou até plausíveis para o seu contexto, o dano que eu levei foi de tabela, mas infelizmente ele existe. 


Logo depois dessa conversa, que infelizmente lembro muito mais do que eu gostaria, e até chorava bastante de lembrar, eu fiquei pensando no quanto eu estraguei a sua vida, e a vida da minha 7. 7 essa que pegou essa responsabilidade de me criar sozinha, e fez o melhor que ela pode, e novamente infelizmente, cresci esta merda, mas ela não tem toda culpa. Como eu, uma criança, poderia ter me portado melhor, ter feito ainda mais pra não dar trabalho, não gastar, ser uma criança de pouquíssimos gastos? Ouso dizer que eu fui muito bom nisso. Conti minhas vontades, aceitei que não teria o que os outros tinham, engoli muito choro, muita fofoca, muito dedo na cara. Responsabilidades que não cabiam a uma criança, mas que com um tapa na cara e a voz elevada eram jogadas pra mim, e eu sofreria todas as consequências por não arcar com elas.


Infelizmente eu me peguei imaginando um futuro com um pai presente, como meus amigos e família. As coisas que eles aprenderam, as coisas que eles não foram obrigados a aprender, as vezes em que não tive ninguém para poder fazer uma pergunta. As vezes que eu não sentia que poderia ter um adulto pra me explicar, pra me dar um abraço, pra me fazer entender sem apanhar. Isso me foi podado, muito cedo. Hoje eu vejo o quanto isso me deixou amargo. Acho que essa é a primeira vez que transpareço isso com palavras, e já passou muito da hora. 


Eu tenho vergonha de ter dito a minha 7, que queria ficar com você, quando eu tinha 7 anos. Afinal você era o 3575+-4 legal que só aparecia nas minhas férias, me levava pra passear, me dava uns chocolates, e ia embora me deixando com o buraco enorme da responsabilidade, Como eu poderia saber que isso era algo ruim? Como eu poderia imaginar que você já tinha me abandonado ali, já tinha outras vidas, outras crianças, e você deliberadamente escolheu me deixar de lado. Fazendo o mínimo pra que minha 7 não te cobrasse uma pensão, e este é outro ponto em que você venceu. Eu fico abismado, agora adulto, vendo e analisando nossas mínimas interações. O quão rasas eram nossas conversas. O quão nada você participou da minha vida. Ouso dizer que você não esteve presente em nenhum dos meus momentos como homem. Aprendi a fazer a barba sozinho. Aprendi a conversar com as meninas sozinho. Aprendi a dirigir sozinho. Aprendi a trabalhar sozinho. São tantos aprendizados, que ouvia pasmo os relatos dos meus amigos, e ficava completamente inconsolável de imaginar, como deve ter sido não fazer essas coisas sozinho. Como deve ter sido ter alguém pra ensinar o mínimo, mostrar um caminho das pedras, amaciar os erros. Alguém pra apoiar nos erros. Alguém pra abraçar nas tristezas. 


Em uma das suas raras visitas aqui em &-&_ , lembro de ir na casa dos seus amigos, e alguém, que particularmente acho que você gostaria que fosse mais seu 02 do que eu, te perguntou algo como "e a mulherada em utr7654?" E você teve a brilhante idéia, achou mesmo que seria de bom tom, dizer que estava uma maravilha, e com certeza muito melhor que a minha, já que eu era "feio igual a minha 7". Uma das minhas únicas certezas no mundo, é que você nunca, nunca vai saber o real efeito das suas palavras em mim. Eu já esqueci violências contra minha pessoa, inenarráveis, mas o seu sorriso quando você desdenhava de mim está marcado pra sempre na minha memória. 


A única memória afetiva que tenho sua, é uma vez que fomos ao cinema, e você arrotou alto. Eu lembro de rir bastante. 754&_, a sabedoria que você deixou pra mim, é como não agir. Como não se portar com uma criança. Que eu não deveria ter um filho. Te digo com toda certeza, o maior medo da minha vida, é ser um 0 como você. Morrer é fichinha perto da dor de imaginar meu filho com esse tamanho de dor no peito que eu ainda carrego. Por todo esse tempo eu não tive coragem de falar nada com você, porquê eu sabia que eu não teria absolutamente nada de bom pra falar. Eu não quero nada seu, nem hoje, nem amanhã, nem no passado. Não sei o porque você quer voltar pra minha vida, agora que você é um 0, se está corrigindo seus erros, olha, considere corrigido. Como eu disse ali em cima, eu realmente te perdoo por tudo. Mas não entre na minha vida denovo, por favor. Agora que eu já aprendi a a viver sem você, não tenho apreço nenhum por sua presença. É tarde, mas eu estou te dando esse presente, eu me abortei da sua vida. Me esqueça. Me deserda. Um 01 que está morto pra você. Infelizmente levarei seu nome comigo, porque também só consigo ver o quanto minha 7 te amava ao colocar meu nome de 01. Mas você venceu. Seu 01 se virou com o mínimo e não precisa de mais nada seu. Se você quiser que eu assino alguma coisa, assino demais. Não quero sua herança, não quero seu nome, quero que você fique longe. Viva sua vida finalmente sem culpa, sem cargas. 


Eu só tenho o passado pra contar aqui e amargar, e sinceramente, não me importa se você mudou, o que raio quer que tenha acontecido com você nesses anos que ficamos ausentes um da vida do outro. Por favor, me respeite apenas uma única vez na minha vida, e me deixe ir. Eu estou cortando o que restava, é só você lembrar que você já me abandonou bem quando eu nasci. 


Tenha uma excelente vida, e agora ainda mais espetacular sem o 01. 


Adeus, uryi7644&. 

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Close friends

We kissed.

profoundly and electrifying

We were just talking; suddenly we were laying down and our faces got close

too close for comfort

the first words out of your mouth were

this is wrong; this is bad; we shouldn't;

bitterly, I agreed

we took off our clothes and mingled until we were covered in sweat

When I woke up, I almost threw up

that felt so bad that I got physically ill

I felt as if all the salt of this sea of myself dried my mouth in an instant

I shouldn't be seeing you when I sleep

what kind of nightmare distorts reality in such a way, roots deep and sharp, enfolding my missing heart

I could swear, thought for sure that I'd never think of you again

I've been clean for so long, you chose the day of all days to be on my mind, after all this time, for nothing

I have no love for you, and this lust is not tempting enough

there are a lot of sharks in the water and I have been bleeding for a while

for now, I don't care if they won't bite

but, if there is a piece of you inside me here, somewhere

find your way out, or the piece they'll take will be you  

and I'll gladly let them

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Self portrait

I am a small, weak, coward man.

I can't fight any own fights. I choose to flee every time. I don't like imposing. I don't like bothersome things.

I hate that some people have me figured out, even if I don't agree with what they surmised.

Spineless.

Freeloader.

Dumb as bricks. Stupid as they come. Dullest tool in the shed. 

I can't fight for myself, for my future, for my life. I am waiting for the wall at the end of the tunnel.

I don't want to suffer. I don't want to work. I don't want to improve. I want it all for free.

I want all of you gone.

I hope it ends, every day.

My smiles are all fake. I have no strength. No reason, no will, no hope. 

Absolutely hopeless.

Embodiment of hopelessness.

Avatar of misery. 

Contempt in a trench coat.

Living hubris

A clown pretending to care, pretending to live, pretending to have a little value

Worthless

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Ode il delirium

Quando eu abri minha caixa torácica

um esforço moderado, confesso

Me surpreendi mais com a poeira

do que com meu sangue morno

Após o estalo ósseo inicial

no silêncio, ansioso pelo tesouro

dava até pra ouvir as batidas

mas se confundiam com meu ranger de dentes

Um coração lá, encaixado

sobrevivendo de água, luz e talvez fúria 

uma vontade distinta, minguante 

Alienígena 

Não era o meu 

ainda perdido a mortes atrás; 

Quando o delírio passou 

voltei a me surpreender com a sua expressão 

se antes era exasperada

Curiosa

agora era apenas desdém 

"Eu só queria saber como você 

ainda funcionava, nesse estado 

bem patético, por sinal"

A dor não me espanta mais

meus músculos tremendo pelo esforço 

o sangue já quase gelado

Eu me fecho

evito por um milagre um desmaio

mas sorrio

"Eu já sabia", minto;

"Quando você sair, por favor

tranque a porta".

Eu não me importo, 

tanto assim de me mostrar;

Eu acho que não me importo, 

de estar em uma sobrevida confusa;

Eu realmente não me importo,

se tem como me machucar mais;

E não vou nunca, deixar de me importar

se já morri 

porque não 

denovo, mais uma vez

Ao vento, ao norte, ao carvão 

Às minhas cinzas

Às brasas mornas da minha forja

Às lágrimas que não vão pro meu rosto

Às palavras que não passam da garganta 

À dor que não transparece na íris 

"Quem sabe da próxima vez"

Suas costas já parecem mais acolhedoras

Do que seu abraço.

De qualquer forma

Obrigado mais uma vez

Não volte sempre

Tente me esquecer

A sua tatuagem está atrás do meu pulmão 

Se eu não olhar lá 

Não vou pensar em você 

Hoje, agora, deitado, na cama

Nem depois, repetindo

Leve-se de mim

Na cabana solitária, meu ego me ensina

Onde foi que eu errei

Por quê eu acreditei 

Como eu deixei me levar

Sozinho, denovo

Com sombras, luzes e fumaça 

Fogo fátuo 

Dessa vez eu não sorrio mais;

Mas em outra sombra revisitada eu vejo

Seus galhos retorcidos

Seus olhos de lua

A terra por entre seus tendões 

Seu braço, me apontando ao buraco 

"Você deveria ter ficado aqui"


ode il delirium

mors corpori est colossus

domingo, 12 de maio de 2024

what to do

 What do you do

when you don't want to do anything

but when you are alone

crying in the dark

it comes to you as easily as breathing

I do nothing

segunda-feira, 6 de maio de 2024

Festering wound

 I don't know.

I left it unattended, I've forgotten about it, got used to the pain, couldn't remember how deep it was. But it happened again. I feel so hurt and alone, that I have to take a step back. Did a turn I should absolutely not have, my feelings were getting everywhere, I was drowning on myself again, full of self-pity and stupidity, fake smiles and wrong intentions.

I sincerely, don't know

I have a knack for letting things go out of hand and touch, to escalate so much inside my mind I have no option but to cut it off like a corrupted limb. A cut with a burning knife, hoping to not let it fester again and hurt like this again, AGAIN. I am used to running away at the sight of trouble. As soon as the music of feelings I can't digest reach my eardrums, I turn back and run. This knowledge of cowardice has changed me. I have been trying to fight it, trying to read it better for other people, but I have found that, in this, I will be alone. 

I have no intentions of letting this go. I will drown on this bitterness myself. I won't drag, I won't dare drag another soul with me for this. I feel like crying at the minor inconvenience, and once this dam opens, I don't know how long I'll have for it to stop. The pain is sharp against my chest, I can feel every heartbeat, bleeding out, crying tears out of my veins. This loneliness will kill me. I will not dare to face it. 

I've never before dreamt about so many strangers. People I have absolutely never seen before in my life, dragging me around, looking at me, disgusted, pointing fingers and ignoring me. I don't know these faces, I don't know these feelings. My dreams are now a plate for the unknown, and if I can't find rest over there, I have very few ideas of what I will be able to find. Each letter I press, I can feel my heart getting bigger, like a forgotten child at the store, looking around for someone, something, anything familiar at all. The despair rising with every moment,  lungs getting emptier, eyes getting cloudier, voice getting weaker, raspier. 

Will I be able to survive this day?

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Call of the void

 Pro meu descontentamento generalizado, tenho reparado que meu vazio tem se preenchido, frequentemente, de uma multitude de coisas diferentes. Os dias que se aceleram cada vez mais, são marcados por detalhes amargos da minha psique.

Tem dias que meu vazio se enche de saudade. Não são os piores dias, mas a nostalgia e a esperança à muito não trazem sorrisos. Sorriso esse seu, que me vem. Seu abraço. Suas palavras. Sua surpresa. Todas as lágrimas. Quando eu me encho de saudade, eu flutuo pelo dia, temendo o momento da queda, que vem sempre como uma explosão, me estatela no solo e me obriga a continuar.

As vezes eu sou raiva. Bastante difícil conviver com a raiva, uma parceira antiga. Fonte de vários aborrecimentos, desapontamentos, frustrações. Ela me vem fácil. Tão fácil que me deixa encabulado. Ela se desmonta dentro de mim e domina meu peito. As rédeas são muito, muito curtas, fruto desses anos de dor e desleixo. Quando eu sou raiva, eu foco em mim. As vezes eu me escapo pela garganta, mas o ostracismo vem logo depois. Eu não acredito que minha raiva seja de um lugar natural, que ela tenha se desenvolvido comigo, que ela seja, de uma maneira bem simplista, minha. A raiva é, sem sombra de dúvidas uma maldição imbutida no meu sangue, eu não a vejo somente no espelho, eu vejo nos olhos ao meu redor, vejo na escrita de todos os dias, vejo nos dentes a minha volta, na forma como a comunicação é deliberadamente cruel e vingativa.

A maioria dos dias, volto a ser vazio. Nos dias vazio, para minha modesta surpresa, sou fluído. Como uma onda no mar. Uma maré de gostos e dissabores, enforcado pelo meu ego descalibrado. Fico como uma canaleta, assimilando meu entorno e navegando por mares de insensatez. Sendo percorrido e lavado pelas águas da opinião alheia, tentando não me marcar.

Nos raros, raros dias em que sou amor, eu não me reconheço mais. Sem controle a emoção não só toma conta como desbalanceia minha vida. Ou sou todo esse amor, ou sou toda essa frustração, não consigo direcionar esse amor pra mim mesmo, vaza demais, e nas minhas desilusões o resultado é sempre o mesmo. "Aquele que tem medo dos espinhos, não merece a rosa", essa frase me pegou muito desprevinido, e me deixou pasmo com o quanto ela me definiu. Uma covardia tosca, um medo pífio, mas que pra mim é anulador de vontade.

A questão agora é que a constante é de loucura. Não consigo me coordenar, me encher, aprender e seguir. Tudo que chega vai embora, se pelas rachaduras, se pela expulsão, nada fica. Continuo perdido vagando pelo deserto que criei. Não tomo a água que tenho, pois o seu amargor terminaria de me sacrificar. Eu fico apenas na torcida, pelos dias que sou cheio de indiferença.


sexta-feira, 29 de março de 2024

Broken Glass Door

  "As death approaches, I want to make it clear that this was my decision. Sane mind. Of my own volition. I wanted this. Not directly, but know that I did absolutely nothing to stop or delay it. I egged it on, cheered it, hoped for it. Know it was me. I did it. My destined death."


Eu aprendi errado. Eu devia ter aproveitado antes, me jogado, mas minha coragem é tardia, fruto do meu cansaço. O que eu faço é menos baseado na vontade, mais na sobrevivência. Um esforço medido na segurança, e não na possibilidade. Eu nunca colei meus pedaços.


Leash is not tight at all

I've already escaped


I finally lost it

I could assume where it was

Before

Yesterday

A lifetime ago

Now I have no idea where it could be

Did I misplace it? Was it stolen?

Could I have destroyed it?

It wasn't making sounds anyway

Just glad you won't be able to see it

maybe we could share yours


I'd burn so many bridges for you

Unfortunately I'll never have fire again 

I'll try to get close and you'll freeze away

Anyway


I looked up for a moment

Could see nothing

The blackness threw me off for a bit

Then I felt you removing the knife

Your laughter made me remember what had happened

I sent you off with a smirk

You kissed me goodbye and left forever

Next time, don't miss the vital parts

Please


I was heaven bound

An arrow, speed and intent

You were thunder

loud and inevitable

shot me down and maimed me

leering at this beautiful sky, ever so distant

getting so far, so fast

my tears just fall faster than I do


this one is a new feeling, yeah

rhythm is fine

melody is just a bit off

its pulsating just as its supposed to

its timbre's good too

but how do you make it sound so empty

never heard a heart so hollow before


I did a thing

I'm scared of the thing

it may end me

I did because I thought I was dead

But what if not

what if the dreams are dark premonitions of 

more suffering yet to come

the thing is silent

thing is hungry


I wish I could show you

All these blinding lights, on a sunless sky

Maybe I could share with you from inside my deaf mind

Would you like to see

What I can't explain

Would you like me

If I made you understand

My one and only

Queen of hearts


Tô indo; não sei se volto, se volto não sei se o mesmo, se mudado, tomara que não tão pior do q fui. Viva o fim do mundo


Lost in translation


Its 3am, again 🤡

May your fears rest forever in rage


I dreamt of absurd alien spaces

Infinite shores with no water

Giant grey metal masses

Impossible interactions

An evil beautiful smile

A naked back

Woke up and cursed a thousand moons


If you knew how much that hurt

would you prefer I lied? Even though we'd both die

false as faith

I'm lying to survive, won't wish this carnage upon you

why do you bring it to me anyway?

your hug is just needles

bone deep

on this hollow smile, again

night take you, I won't


I was assigned to mourn someone that no one will miss. My sadness knows no bounds and my tears overflow this grievous well. I hope you get peace.


Bothered. Coarse. Sad. In the slow lane. Unfocused. Unprosperous.


Não tem jeito, por mais que você tente ou queira, algumas pessoas simplesmente estão ocas por dentro. 

Alma, coração, humanidade, nada. 

Vazio total.

Eu nem tento entender, o abismo é um sedutor inigualável. Considero sorte demais ter um fiozinho me segurando.



the rain shall stop me

surely

water will wash away this sins and filth

it can't keep going like this

i just have to accelerate



segunda-feira, 25 de março de 2024

The Medley

 Olha bem, mulher


I am a pool of comeuppance. A whirlwind of poor choices and misunderstanding, I wake up several times a day, to new discoveries and circumstances, all of which are bad. 


Eu voltei a ouvir a música! De algum jeito quebrado, talvez através de um copo de vidro, colado a lateral da minha cabeça. Os sons são opacos e se misturam com muita facilidade. Mas a música está lá! E com a sua ajuda, eu consigo discernir novamente: Ritmo, timbre e melodia. 


 El ritmo es que caminas por la calle, tu silueta bañada por la luna, brillando casi sin luz, el tiempo se ralentiza, solo para apreciarte.


The timbre is, again, my heart fluttering, unbelieving and undeserving, slow and faulty reflexes, not knowing what this noise is, for the longest of eons braving this silence. This thumping is scary, new, and terrifying.  


A melodia é o seu perfume. O brilho dos teus olhos. Seu sorriso leve. Seu tapa no meu braço. Todo seu desconforto com minhas investidas. A dúvida por trás das palavras não ditas.


I am complete, in my understanding of how utterly hollow I am. These may all be reflected light, singing fae, will-o-whisps. I am unable to grow, to perceive, to call out. I am drunk on this feeling, again. I feel alive, after all this pain, I am ready for it again. I know my face will be bloody and my heart will crumble again for what it does not have. I am here for it, it seems.

I can't even.

Olha bem, mulher

sexta-feira, 22 de março de 2024

O alquimista

 Tô me sentindo assim, transformando palha em ouro.


Não de uma forma que seja lucrativa, boa, ou até mesmo útil. Mais da forma superlativa, apenas referenciando algo que se transforma, transmuta em uma coisa fundamentalmente diferente através de um catalisador. É isso que me senti fazendo, já a algum tempo, com o que eu tenho identificado. Não basta a recorrência das minhas péssimas interpretações, eu tenho que ter esperança, torcer e acreditar, ousar ter fé, pra depois tudo vir abaixo. 

Eu construo castelos de areia e baralho, os dou nome e propósito, confio cargos, os convenço que nunca serão pisados ou derrubados, mas antes de sequer terminar meu discurso de inaguração, os pés já vem em velocidade terminal para destruir o que não tem nem base firme ainda.

Que habilidade é essa, absolutamente aterrorizante de me iludir? E por isso a alquimia. Eu consigo tranformar migalhas, resquícios de educação e sorrisos amarelos em sentimentos impossíveis, uma nação fortemente armada de imaturidade e ineptitude. 

Inepto em sobreviver, em interpretar sinais, em ser um adulto brevemente funcional. O desespero permeia o desconforto, a confiança dá asas a imaginação e deixa livre o coração pra se jogar as traças, como todas as outras, poucas, mas todas as vezes. É meu maldito ego? É saudável eu continuar acreditando nesses contos de fadas? O próprio doutor estranho das infinitas possibilidades, despreparado para lidar com as negativas. Não evolui, estagnado, e um absoluto nojo de esperançoso. 

Eu ando em meio a multidão, sem local próprio. Sorrindo e acenando, ousando ter esperanças. Até quando? A pior parte é ficar tão feliz acreditando no seu sorriso. Eu não queria que tivesse acabado.

A noite se fez pó em segundos.

Do dia só me restaram as lágrimas.

Me pergunto, novamente.

Eterno, enquanto dure.

Enquanto.

terça-feira, 12 de março de 2024

Oh, but this isn't even the best part

 You know what? 

The first time I saw you, I thought, wow, fucking pretty. I had the stank of the other me inside my mind at the time, so I rapidly and dejectedly threw you to the back of my brain, and nailed you there.

Time passed, I was clean. I was lost, and hurting, still am, but my mind had been wondering the dangerous places, dead places, unruly and loud places. A few deaths later, there you were. clean as me. Talking to me. You approached me, and we talked about the moon. I was so thirsty, so fucking alone, I drank you in one fell swoop. I took you dry, absorbed all your poison inside my rotting stomach. 

You were lying. You were near me, to betray. To hurt. Unknowingly hurt, but hurt nonetheless. You deceived me so thoroughly, so absolutely completely, I had no choice but to deliver all of me. You could care less for me. You spat on me. What hurt more was, that was all of me. That few of a man, that speck of self respect and little heart, that stain on your shirt, was all, full me. All I had. 

As I am here, with a dagger inside my brain, licking your pussy clean, pushing strongly into your depths, roughing your crevasses, what I am the most sad about is, that they know. Everybody knows how ridicule and how bare my heart is. 

My bet was on a lie. My love was on a fabricated falsehood. I did it with my own brain and hands. I was unable to throw it away. As I am inside you now, the hurting is unbearable. I wish I could kill you inside me. I wish I could take all of you out, and never remember your smile. I wish that when I dreamed of your back, moved slowly to your ass, and buried my tongue inside you, it didn't taste so sweet. I wish all you brought to me was death and pain and disdain.

Is the indifference that hurts more, you know? Everybody knows. I have to pretend that I don't know those are all pity eyes, those are all sad and conforming smiles, those are all screaming at me, poor thing. Such, such a poor thing. The noise inside my head is a constant scream that pierces and leaves me naked crying on the floor. I can't move. I can only dream. I can only cry and suck all of you. 

I wish I could wake up from this rollercoaster of a hell feeling ride. 

Not a good day. 

segunda-feira, 11 de março de 2024

Dispel Illusion

 Eu tinha até que continuar lendo esta joça, não lembro nem o que me causou a estranheza e a vontade de não terminar... enfim.


O que a foda é essa felicidade ilusória? Por quanto tempo mais, andando embaixo dessa porra desse céu marcado, eu ainda vou me deixar enganar por todos esses fogos fátuos? Será se eu realmente caí em alguma armadilha fey bizarra e já tô destruído demais pra perceber? Como que eu consigo ficar tão satisfeito com tamanhas ridículas migalhas que eu ando recebendo? No fundo da mente eu consigo escutar algum ego se batendo contra as paredes, implorando senso, mas quando eu tento focar, ou paro pra pensar, volta essa sensação fantástica de catarse, de insensibilidade... 


A real é que tem alguns anos que eu já não sei o que está acontecendo, e tenho me empenhado em deixar a correnteza levar, tentando navegar aqui e ali pros menos piores bônus, e eu acho que essa falsidade de destino, essa falsa sensação de controle, ela... ela venceu. Eu não me perdi, não me confundi, eu simplesmente acreditei. Acreditei na lembrança, caí no golpe, fui enganado, um patife. E hoje, nesse sorrisinho que me persegue, eu pude ouvir, bem distante, o som da ficha caíndo. Em algum lugar dessa oquidão toda, as hollow as they come, o tambor de plástico continua lá, fazendo o mínimo. 


Eu me peguei pensando até quando eu vou deixar a correnteza me levar. Devo ver isso como um sinal de esperança? Uma mísera e escondida vontade de tomar controle denovo? Escondida e enterrada embaixo dessa casca monstruosa, em algum lugar. Pensar no pânico dos egos perdidos me dá um pouco de tristeza. Mas é aquela tristeza em terceira pessoa, do famoso campo pop, eu vejo sua tristeza, até compadeço e sofro, mas infelizmente, eu, não tenho nada que eu possa fazer por você. Te desejo muita sorte e paz nos dias que virão, e ainda te dou um tapinha nas costas.


Meus sonhos andam malucos. Fazia um tempo bom que eu não lembrava dos sonhos, mas tive um tão vívido e gostoso esses dias que mesmo após uma semana eu acho que ainda lembro as partes gostosas. Talvez essa tenha sido a porta que emperrou e travou as sensações cotidianas. O fluxo foi quebrado, porque parece que depois de muito, muito tempo, eu realmente senti algo bom. Uma sensação real de felicidade, mesmo que no sonho. 


Eu digito esse texto com o coração mais leve do que eu imaginaria. A vontade de escrever, que antes era nula, está sempre presente, mas agora acompanha um medo, um diferencial bizarro de interpretação pra essas loucuras. O que eu sempre quis, escrevendo aqui? Era pra me ajudar a entender meus sentimentos, era pra dar vazão pra esse mar intempere aqui dentro, era uma desculpa pra achar que eu sou mais do que esse jarro vazio? Eu era um vaso, e você era o Link. Behind the shell lies something wounded. 


Que algum dia eu tenha MP o suficiente pra tentar esse dispel. Essa esperança, por hoje, me basta. Volta o sorrisinho. 

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Aniversário

 Depois de crescido eu esqueci como se comemora aniversários. Não tenho ânimo pra chamar as pessoas, bater um papo, jogar conversa fora. Isso já é difícil normalmente, mas no aniversário é bem pior. Mas é uma das coisas que eu não sei onde eu me perdi também. Já tive a época que não falava pra ninguém meu aniversário e ficava esperando as pessoas lembrarem e me darem parabéns, pra me sentir importante. Demorou muito muito tempo e muitos aniversários sofrendo sozinho pra perceber que a vida das pessoas é muito mais do q ficar lembrando aniversário de amigo desnaturado. Então, depois de um tempo, eu mesmo passei a alertar todo mundo, pedir parabéns, pedir presente, pedir atenção e abraço. Minha vida de um aniversário pro outro, mudou. Era o pouquinho de carinho que eu precisava ali, pra dar um balde de cimento na carência, conseguir esquecer um pouquinho das coisas e só ficar feliz, pelas pessoas estarem felizes, por um dia ali. 

Hoje, no entanto, minha memória resolveu me levar pra o inferno astral que foram meus aniversários em solidão. É incrível como meu cérebro tem me levado cada vez mais pra esses lugares, reviver essas coisas que eu precisava esquecer, mas lá estou eu, buscando atentamente as respostas das perguntas que eu não fiz, pra tentar sair daqueles lugares e não voltar. Minha bagagem é imensa. Ela me pesa os lados, o peito, me aperta todo. A dor e a tristeza que vem juntos são desconfortáveis demais. Mas eu chafurdo, me belisco, observo a memória, bebo absolutamente todo esse vinho amargo, pra que não tenha mais safra pros próximos anos.

Meu aniversário já foi um inferno astral fortíssimo. Um castelo que eu construí na base da ignorância e do egoísmo. É a vontade de interagir e de ser amado, batendo de frente com a loucura da insensatez, de não entender o outro, sequer tentar se colocar na posição do outro ponto de vista. Hoje eu sei que eu sou bem mais empático do q eu já fui, até demais, mas antigamente era difícil reconhecer humanidade. Ver as situações de fora, se tirar da equação, aprender que nem tudo, por menor ou maior que seja, é sobre a gente e sobre as nossas escolhas. Se tirar das situações pra mim, foi uma das maiores provas de amor próprio que eu me dei, se dar ao trabalho de entender que o mundo não é nosso umbigo. 

Mas nesse buraco, eu só via eu, e só via minha dor, e só via como o mundo era cinza demais pra eu ter um bom fevereiro. Eu já te perdoei por muita coisa, mas não acho que me perdoei por toda a dor colateral que te causei.

A parte chata é saber que eu preciso me perdoar pra esquecer, mas ainda acordar com a taça cheia de memórias amargas. Eu consigo? Talvez. Eu quero? Demais. Eu vou? ...

...

...

Feliz aniversário, Marcelo.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Sensação estranha

 Quando eu fechei o portão e me preparei pra dar o segundo ou terceiro passo, eu parei. Muito rapidamente meu cérebro me disse que eu havia esquecido algo. Eu fechei minha mão direita e senti falta do atrito. Um milésimo de segundo de culpa depois, o alívio veio. Eu não precisava me preocupar mais com isso, e já faz um bom tempo que vivo assim.

As vezes eu me surpreendo com a capacidade do meu cérebro de lembrar coisas e sentir falta de pequenos detalhes que eu já forcei que fossem apagados. É incrível como a sensação vem crua, fortíssima, pra no mesmo instante ir embora.

Eu me peguei sorrindo, pensando nos bons momentos, mas passou rápido. O veneno da nostalgia é doce, mas eu sei bem o que acontece quando ele preenche as fissuras da minha alma. Temos todos textos explicando como a areia foi embora e agora eu estou cheio de muita coisa mas nada demais. 

Eu fechei a mão e me forcei mais uma vez a lembrar, de que eu não tenho nada lá. 

Eu não preciso sentir isso.

E eu me pergunto se você vai demorar a aparecer.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Fevereiro

 Estou a algumas horas de entrar em fevereiro, meu dito mês de aniversário, e infelizmente uma nova onda de depressão bateu. Tá batendo quadrada essa, com todas as velhas sensações e vontades. Fugir de tudo, me isolar, deixar essa onda passar de alguma forma.


Em um dos meus últimos aniversários pré-pandemia, eu tive aquele dia de que ninguém lembrou do meu aniversário. E aquele dia me quebrou de uma forma tão completa, pq realmente, ninguém lembrou. Pessoas super próximas, que supostamente deveriam ter lembrado, ou que apenas me deixariam um pouco melhor de ter lembrado, nem sequer passou pela cabeça delas. E aquele dia me fez pensar muito sobre isso, sobre como a gente tem como garantido certas coisas, mas que não deveria, nem por um breve momento, manter isso como se fosse certeza. Eu parei pra pensar nos anos anteriores, e como eu havia encarado meus aniversários até então. Eu nunca liguei muito, nunca quis comemorar. Eu não sei comemorar essas coisas, e não me importo em aprender. A partir daquele aniversário então, eu virei uma chave. Parei de esperar que as pessoas lembrassem, e passei a lembrá-las eu mesmo, antes durante e depois. Eu mesmo passei a fazer questão do meu aniversário, e na verdade fazer questão com que as pessoas falassem comigo, me dessem um parabéns e pensassem em mim um pouco. 


E ali tava a chave da carência virada e resolvida, tratando a data de forma diferente, as coisas mudaram pra melhor e eu voltei a me sentir muito bem com meus aniversários, não esperando nada, mas fazendo um mínimo.


A real é que fevereiro sempre foi um mês pesado pra mim. Não gosto de usar a expressão inferno astral, mas é que é tão batida essa depressão, as coisas ruims, os desencontros. Incontáveis as vezes que já briguei em fevereiro, discussões sem sentido, erros e falta de tato, eu realmente fico insuportável e difícil de lidar durante esse período. Essa depressão de agora é apenas um alerta, e eu já vim correndo tentar botar pra fora essa sensação ruim. Eu não quero isso pra mim, eu não quero me sentir mal, não quero me isolar, não quero ficar triste. Eu aceito que tenhos várias pendências, mas estou aberto a tentar entender o pq dessa provação, nesse tempo. Eu ando sonhando com paz denovo. Que tudo se exploda em paz e tranquiilidade. Esse sonho foi incrível.


I stopped dreaming of you

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Enigma - Sadness - Part I

 Eu estou legitimamente surpreso de ter acordado hoje, e ainda levantado.


Acho que ontem foi um dos dias mais tristes que eu já tive a oportunidade de experimentar. Tristeza sem perspectiva, sem lágrimas, desesperançosa que só. Uma dor xôxa. Uma sensação de desespero míngua, impotência em alterar o rumo da situação, que se misturou com a habitual falta de vontade, e que me surpreendeu se transformando em tristeza. Cristalina mesmo. Os pensamentos ruins vieram, mas não tiveram espaço. Eu me senti tão afundado no barro que eu pulei várias etapas e só desisti. Óbvio que a pior parte se aproveitou da insônia surpresa. A insônia é uma velha amiga, mas ela não anda tão frequente. Isso me incomoda mais do que eu gostaria de admitir, se fosse a certeza da insônia, pelo menos eu poderia me preparar, mas ela vem sem avisar, em dias que eu estou cansado ou não, quando eu menos espero, quando a cabeça está fugindo da realidade no travesseiro, ela aparece e me furta todo o descanso. Entra o redemoinho de todas piores experiências da minha vivência, a vontade de dormir, o cansaço, o cérebro parcialmente desligado, mas o corpo não apaga. O desconforto lento de todas as posições na cama, a percepção de cada pequena sensação do corpo deitado, a respiração torta, o nariz entupido, os olhos cerrados com uma força descomunal. O desdém pela vida. Acho que levantei apenas por conta da minha maldição que acabei de lembrar. Eu só posso ter boas segundas feiras. É uma excelente maldição, inegável. FIco torcendo pra ela durar pra sempre. Ontem foi difícil. 

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Eye of the storm

 I am looking into the sink, the water slowly fading away, muddy black water, bloodied and disgusting.

My tears are bitter and burn my eyes.

What should I do? What should I have done? This pain is nothing. I can just heal and forget, but my heart, these feelings, its like they will never go away. Will I be able to just forget? How can I start thinking of forgetting this? This is so much of me, such a huge part of my whole being. Its like killing a bigger part of myself then I am able to. I cannot survive this. Will not.

You can and you already did survive more than this. Its recent, it hurts, you are unable to distract your mind, you are only thinking of the blood you are seeing, not the blood that will come. Staying like this will be so much worse, you have no idea how much hurt is in store for you.

I look into the mirror and my bloodshot eyes leer at me; I shudder with disgust. How could I let myself get this low? How, for a second, could I think things would be different? How?

I start crying, again. Ugly sobs, and my body contorts; can't hold myself straight. I double over in pain and spit a blob of coagulated blood on the sink.

This is consequence. Comeuppance. You had your reasons, you believed something different would happen, you tried, and its so, SO beautiful that you tried, you were not afraid to get hurt again, you had the courage that I never thought you would have, again. That is what is important and what you should remember from this. This took heart. You have a heart. Still do. 

My heart screams. Never again, never again, never again. The pain is escalating quickly and my thoughts grow darker by the second. Am I that needy? Am I that desperate? Am I just willing to destroy myself on behalf of what? Dreams? Figments of my imagination? Delirious feverous wishful thinking? Am I crazy? What is the toll of this absurd madness?

Rest, my friend. Do not think of this. Rest. Sleep. Cry your eyes out. This is but the worst part, the beginning. You will grow out of this. It will pass. Believe this pain. Know that it marks you, as one of the living. One of the brave. One of the persistent. You have not given up yet. You hurt because you care.

I stay down. My sobs eventually die down. My split mind finally found comfort in nothing. I decided not to hurt myself anymore. Some time passed. I got up. I cleaned myself on the sink again. The foul stench was almost gone. The rough edges of my hands were clean. My tears were not burning anymore. 

I tried. I failed. I was not aware of what I wanted, again. I could do more. I will do more next time. I will be more certain. I will be more incisive. I will be more whole. I stay broken, but I will glue myself. 

As my thoughts stopped hurting, I moved to the bedroom. I changed clothes. I got comfortable and laid down on my bed. I bawled my eyes out, until I could not cry anymore. Until it felt good. My resolve was not clear, but was there; Let it go, but don't give up.

And I slept. 


I dreamt of your naked back again.