sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Rei da perda

 "I am the king of loss"


   Eu tive um baque psicológico muito, muito "certeiro", por assim dizer, recentemente. Toda minha análise pessoal que relata minha exaustão mental e espiritual, aflorou de uma forma sucinta. Se eu dizia que eu estava vazio, agora eu me sinto vazio. Ter uma noção disso e, em um momento de clareza, ter a certeza, fazem muitas coisas pelo ego.

   Toda a areia que foi embora, e esse abismo que restou, à procura de quê? O foco não é mais um problema, consigo desviar a atenção e concluir tarefas, ser funcional, o corpo não reclama tanto mais, apesar da tendinite e a falta do vôlei, consigo jogar esse raciocínio pra escanteio, um lado diferente do cérebro e da forma de existir.

   Agora, essa solidão. A vontade de conexão, mas o nada por dentro, a desilusão que é pensar, cogitar firmar alguma coisa, com a sombra dessa forma torta, como um fantasma que eu não consegui dissipar, uma fumaça pesada que voltou! Voltou do além, voltou do amargor, voltou da tristeza! Eu me perdi. Tropecei em algum sorriso, e caí de cabeça no desespero. As linhas da marionete estão novamente laçadas, o cabresto bastante apertado e a vontade é de sair correndo, mas natus imobilis.

Não sei o que eu quero, não quero o que eu sei, não sinto o que devia. De volta ao torto, de volta ao quebrado, de volta ao pó. Cada passo um tambor oco de areia, cada lágrima um barro azedo, cada suspiro um novo desespero. Um redemoinho de pensamentos horríveis, e a delícia de flertar com o nada. Um nada como aqui dentro. 


Eu caí, eu me perdi, e estou sem sentidos. No meio do mar, boiando como dejeto, a espera do sal.