quinta-feira, 25 de abril de 2024

Call of the void

 Pro meu descontentamento generalizado, tenho reparado que meu vazio tem se preenchido, frequentemente, de uma multitude de coisas diferentes. Os dias que se aceleram cada vez mais, são marcados por detalhes amargos da minha psique.

Tem dias que meu vazio se enche de saudade. Não são os piores dias, mas a nostalgia e a esperança à muito não trazem sorrisos. Sorriso esse seu, que me vem. Seu abraço. Suas palavras. Sua surpresa. Todas as lágrimas. Quando eu me encho de saudade, eu flutuo pelo dia, temendo o momento da queda, que vem sempre como uma explosão, me estatela no solo e me obriga a continuar.

As vezes eu sou raiva. Bastante difícil conviver com a raiva, uma parceira antiga. Fonte de vários aborrecimentos, desapontamentos, frustrações. Ela me vem fácil. Tão fácil que me deixa encabulado. Ela se desmonta dentro de mim e domina meu peito. As rédeas são muito, muito curtas, fruto desses anos de dor e desleixo. Quando eu sou raiva, eu foco em mim. As vezes eu me escapo pela garganta, mas o ostracismo vem logo depois. Eu não acredito que minha raiva seja de um lugar natural, que ela tenha se desenvolvido comigo, que ela seja, de uma maneira bem simplista, minha. A raiva é, sem sombra de dúvidas uma maldição imbutida no meu sangue, eu não a vejo somente no espelho, eu vejo nos olhos ao meu redor, vejo na escrita de todos os dias, vejo nos dentes a minha volta, na forma como a comunicação é deliberadamente cruel e vingativa.

A maioria dos dias, volto a ser vazio. Nos dias vazio, para minha modesta surpresa, sou fluído. Como uma onda no mar. Uma maré de gostos e dissabores, enforcado pelo meu ego descalibrado. Fico como uma canaleta, assimilando meu entorno e navegando por mares de insensatez. Sendo percorrido e lavado pelas águas da opinião alheia, tentando não me marcar.

Nos raros, raros dias em que sou amor, eu não me reconheço mais. Sem controle a emoção não só toma conta como desbalanceia minha vida. Ou sou todo esse amor, ou sou toda essa frustração, não consigo direcionar esse amor pra mim mesmo, vaza demais, e nas minhas desilusões o resultado é sempre o mesmo. "Aquele que tem medo dos espinhos, não merece a rosa", essa frase me pegou muito desprevinido, e me deixou pasmo com o quanto ela me definiu. Uma covardia tosca, um medo pífio, mas que pra mim é anulador de vontade.

A questão agora é que a constante é de loucura. Não consigo me coordenar, me encher, aprender e seguir. Tudo que chega vai embora, se pelas rachaduras, se pela expulsão, nada fica. Continuo perdido vagando pelo deserto que criei. Não tomo a água que tenho, pois o seu amargor terminaria de me sacrificar. Eu fico apenas na torcida, pelos dias que sou cheio de indiferença.


sexta-feira, 29 de março de 2024

Broken Glass Door

  "As death approaches, I want to make it clear that this was my decision. Sane mind. Of my own volition. I wanted this. Not directly, but know that I did absolutely nothing to stop or delay it. I egged it on, cheered it, hoped for it. Know it was me. I did it. My destined death."


Eu aprendi errado. Eu devia ter aproveitado antes, me jogado, mas minha coragem é tardia, fruto do meu cansaço. O que eu faço é menos baseado na vontade, mais na sobrevivência. Um esforço medido na segurança, e não na possibilidade. Eu nunca colei meus pedaços.


Leash is not tight at all

I've already escaped


I finally lost it

I could assume where it was

Before

Yesterday

A lifetime ago

Now I have no idea where it could be

Did I misplace it? Was it stolen?

Could I have destroyed it?

It wasn't making sounds anyway

Just glad you won't be able to see it

maybe we could share yours


I'd burn so many bridges for you

Unfortunately I'll never have fire again 

I'll try to get close and you'll freeze away

Anyway


I looked up for a moment

Could see nothing

The blackness threw me off for a bit

Then I felt you removing the knife

Your laughter made me remember what had happened

I sent you off with a smirk

You kissed me goodbye and left forever

Next time, don't miss the vital parts

Please


I was heaven bound

An arrow, speed and intent

You were thunder

loud and inevitable

shot me down and maimed me

leering at this beautiful sky, ever so distant

getting so far, so fast

my tears just fall faster than I do


this one is a new feeling, yeah

rhythm is fine

melody is just a bit off

its pulsating just as its supposed to

its timbre's good too

but how do you make it sound so empty

never heard a heart so hollow before


I did a thing

I'm scared of the thing

it may end me

I did because I thought I was dead

But what if not

what if the dreams are dark premonitions of 

more suffering yet to come

the thing is silent

thing is hungry


I wish I could show you

All these blinding lights, on a sunless sky

Maybe I could share with you from inside my deaf mind

Would you like to see

What I can't explain

Would you like me

If I made you understand

My one and only

Queen of hearts


Tô indo; não sei se volto, se volto não sei se o mesmo, se mudado, tomara que não tão pior do q fui. Viva o fim do mundo


Lost in translation


Its 3am, again 🤡

May your fears rest forever in rage


I dreamt of absurd alien spaces

Infinite shores with no water

Giant grey metal masses

Impossible interactions

An evil beautiful smile

A naked back

Woke up and cursed a thousand moons


If you knew how much that hurt

would you prefer I lied? Even though we'd both die

false as faith

I'm lying to survive, won't wish this carnage upon you

why do you bring it to me anyway?

your hug is just needles

bone deep

on this hollow smile, again

night take you, I won't


I was assigned to mourn someone that no one will miss. My sadness knows no bounds and my tears overflow this grievous well. I hope you get peace.


Bothered. Coarse. Sad. In the slow lane. Unfocused. Unprosperous.


Não tem jeito, por mais que você tente ou queira, algumas pessoas simplesmente estão ocas por dentro. 

Alma, coração, humanidade, nada. 

Vazio total.

Eu nem tento entender, o abismo é um sedutor inigualável. Considero sorte demais ter um fiozinho me segurando.



the rain shall stop me

surely

water will wash away this sins and filth

it can't keep going like this

i just have to accelerate



segunda-feira, 25 de março de 2024

The Medley

 Olha bem, mulher


I am a pool of comeuppance. A whirlwind of poor choices and misunderstanding, I wake up several times a day, to new discoveries and circumstances, all of which are bad. 


Eu voltei a ouvir a música! De algum jeito quebrado, talvez através de um copo de vidro, colado a lateral da minha cabeça. Os sons são opacos e se misturam com muita facilidade. Mas a música está lá! E com a sua ajuda, eu consigo discernir novamente: Ritmo, timbre e melodia. 


 El ritmo es que caminas por la calle, tu silueta bañada por la luna, brillando casi sin luz, el tiempo se ralentiza, solo para apreciarte.


The timbre is, again, my heart fluttering, unbelieving and undeserving, slow and faulty reflexes, not knowing what this noise is, for the longest of eons braving this silence. This thumping is scary, new, and terrifying.  


A melodia é o seu perfume. O brilho dos teus olhos. Seu sorriso leve. Seu tapa no meu braço. Todo seu desconforto com minhas investidas. A dúvida por trás das palavras não ditas.


I am complete, in my understanding of how utterly hollow I am. These may all be reflected light, singing fae, will-o-whisps. I am unable to grow, to perceive, to call out. I am drunk on this feeling, again. I feel alive, after all this pain, I am ready for it again. I know my face will be bloody and my heart will crumble again for what it does not have. I am here for it, it seems.

I can't even.

Olha bem, mulher

sexta-feira, 22 de março de 2024

O alquimista

 Tô me sentindo assim, transformando palha em ouro.


Não de uma forma que seja lucrativa, boa, ou até mesmo útil. Mais da forma superlativa, apenas referenciando algo que se transforma, transmuta em uma coisa fundamentalmente diferente através de um catalisador. É isso que me senti fazendo, já a algum tempo, com o que eu tenho identificado. Não basta a recorrência das minhas péssimas interpretações, eu tenho que ter esperança, torcer e acreditar, ousar ter fé, pra depois tudo vir abaixo. 

Eu construo castelos de areia e baralho, os dou nome e propósito, confio cargos, os convenço que nunca serão pisados ou derrubados, mas antes de sequer terminar meu discurso de inaguração, os pés já vem em velocidade terminal para destruir o que não tem nem base firme ainda.

Que habilidade é essa, absolutamente aterrorizante de me iludir? E por isso a alquimia. Eu consigo tranformar migalhas, resquícios de educação e sorrisos amarelos em sentimentos impossíveis, uma nação fortemente armada de imaturidade e ineptitude. 

Inepto em sobreviver, em interpretar sinais, em ser um adulto brevemente funcional. O desespero permeia o desconforto, a confiança dá asas a imaginação e deixa livre o coração pra se jogar as traças, como todas as outras, poucas, mas todas as vezes. É meu maldito ego? É saudável eu continuar acreditando nesses contos de fadas? O próprio doutor estranho das infinitas possibilidades, despreparado para lidar com as negativas. Não evolui, estagnado, e um absoluto nojo de esperançoso. 

Eu ando em meio a multidão, sem local próprio. Sorrindo e acenando, ousando ter esperanças. Até quando? A pior parte é ficar tão feliz acreditando no seu sorriso. Eu não queria que tivesse acabado.

A noite se fez pó em segundos.

Do dia só me restaram as lágrimas.

Me pergunto, novamente.

Eterno, enquanto dure.

Enquanto.

terça-feira, 12 de março de 2024

Oh, but this isn't even the best part

 You know what? 

The first time I saw you, I thought, wow, fucking pretty. I had the stank of the other me inside my mind at the time, so I rapidly and dejectedly threw you to the back of my brain, and nailed you there.

Time passed, I was clean. I was lost, and hurting, still am, but my mind had been wondering the dangerous places, dead places, unruly and loud places. A few deaths later, there you were. clean as me. Talking to me. You approached me, and we talked about the moon. I was so thirsty, so fucking alone, I drank you in one fell swoop. I took you dry, absorbed all your poison inside my rotting stomach. 

You were lying. You were near me, to betray. To hurt. Unknowingly hurt, but hurt nonetheless. You deceived me so thoroughly, so absolutely completely, I had no choice but to deliver all of me. You could care less for me. You spat on me. What hurt more was, that was all of me. That few of a man, that speck of self respect and little heart, that stain on your shirt, was all, full me. All I had. 

As I am here, with a dagger inside my brain, licking all of your pussy clean, pushing strongly into your depths, roughing your crevasses, what I am the most sad about is, that they know. Everybody knows how ridicule and how bare my heart is. 

My bet was on a lie. My love was on a fabricated falsehood. I did it with my own brain and hands. I was unable to throw it away. As I am inside you now, the hurting is unbearable. I wish I could kill you inside me. I wish I could take all of you out, and never remember your smile. I wish that when I dreamed of your back, moved slowly to your ass, and buried my tongue inside you, it didn't taste so sweet. I wish all you brought to me was death and pain and disdain.

Is the indifference that hurts more, you know? Everybody knows. I have to pretend that I don't know those are all pity eyes, those are all sad and conforming smiles, those are all screaming at me, poor thing. Such, such a poor thing. The noise inside my head is a constant scream that pierces and leaves me naked crying on the floor. I can't move. I can only dream. I can only cry and suck all of you. 

I wish I could wake up from this rollercoaster of a hell feeling ride. 

Not a good day. 

segunda-feira, 11 de março de 2024

Dispel Illusion

 Eu tinha até que continuar lendo esta joça, não lembro nem o que me causou a estranheza e a vontade de não terminar... enfim.


O que a foda é essa felicidade ilusória? Por quanto tempo mais, andando embaixo dessa porra desse céu marcado, eu ainda vou me deixar enganar por todos esses fogos fátuos? Será se eu realmente caí em alguma armadilha fey bizarra e já tô destruído demais pra perceber? Como que eu consigo ficar tão satisfeito com tamanhas ridículas migalhas que eu ando recebendo? No fundo da mente eu consigo escutar algum ego se batendo contra as paredes, implorando senso, mas quando eu tento focar, ou paro pra pensar, volta essa sensação fantástica de catarse, de insensibilidade... 


A real é que tem alguns anos que eu já não sei o que está acontecendo, e tenho me empenhado em deixar a correnteza levar, tentando navegar aqui e ali pros menos piores bônus, e eu acho que essa falsidade de destino, essa falsa sensação de controle, ela... ela venceu. Eu não me perdi, não me confundi, eu simplesmente acreditei. Acreditei na lembrança, caí no golpe, fui enganado, um patife. E hoje, nesse sorrisinho que me persegue, eu pude ouvir, bem distante, o som da ficha caíndo. Em algum lugar dessa oquidão toda, as hollow as they come, o tambor de plástico continua lá, fazendo o mínimo. 


Eu me peguei pensando até quando eu vou deixar a correnteza me levar. Devo ver isso como um sinal de esperança? Uma mísera e escondida vontade de tomar controle denovo? Escondida e enterrada embaixo dessa casca monstruosa, em algum lugar. Pensar no pânico dos egos perdidos me dá um pouco de tristeza. Mas é aquela tristeza em terceira pessoa, do famoso campo pop, eu vejo sua tristeza, até compadeço e sofro, mas infelizmente, eu, não tenho nada que eu possa fazer por você. Te desejo muita sorte e paz nos dias que virão, e ainda te dou um tapinha nas costas.


Meus sonhos andam malucos. Fazia um tempo bom que eu não lembrava dos sonhos, mas tive um tão vívido e gostoso esses dias que mesmo após uma semana eu acho que ainda lembro as partes gostosas. Talvez essa tenha sido a porta que emperrou e travou as sensações cotidianas. O fluxo foi quebrado, porque parece que depois de muito, muito tempo, eu realmente senti algo bom. Uma sensação real de felicidade, mesmo que no sonho. 


Eu digito esse texto com o coração mais leve do que eu imaginaria. A vontade de escrever, que antes era nula, está sempre presente, mas agora acompanha um medo, um diferencial bizarro de interpretação pra essas loucuras. O que eu sempre quis, escrevendo aqui? Era pra me ajudar a entender meus sentimentos, era pra dar vazão pra esse mar intempere aqui dentro, era uma desculpa pra achar que eu sou mais do que esse jarro vazio? Eu era um vaso, e você era o Link. Behind the shell lies something wounded. 


Que algum dia eu tenha MP o suficiente pra tentar esse dispel. Essa esperança, por hoje, me basta. Volta o sorrisinho. 

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Aniversário

 Depois de crescido eu esqueci como se comemora aniversários. Não tenho ânimo pra chamar as pessoas, bater um papo, jogar conversa fora. Isso já é difícil normalmente, mas no aniversário é bem pior. Mas é uma das coisas que eu não sei onde eu me perdi também. Já tive a época que não falava pra ninguém meu aniversário e ficava esperando as pessoas lembrarem e me darem parabéns, pra me sentir importante. Demorou muito muito tempo e muitos aniversários sofrendo sozinho pra perceber que a vida das pessoas é muito mais do q ficar lembrando aniversário de amigo desnaturado. Então, depois de um tempo, eu mesmo passei a alertar todo mundo, pedir parabéns, pedir presente, pedir atenção e abraço. Minha vida de um aniversário pro outro, mudou. Era o pouquinho de carinho que eu precisava ali, pra dar um balde de cimento na carência, conseguir esquecer um pouquinho das coisas e só ficar feliz, pelas pessoas estarem felizes, por um dia ali. 

Hoje, no entanto, minha memória resolveu me levar pra o inferno astral que foram meus aniversários em solidão. É incrível como meu cérebro tem me levado cada vez mais pra esses lugares, reviver essas coisas que eu precisava esquecer, mas lá estou eu, buscando atentamente as respostas das perguntas que eu não fiz, pra tentar sair daqueles lugares e não voltar. Minha bagagem é imensa. Ela me pesa os lados, o peito, me aperta todo. A dor e a tristeza que vem juntos são desconfortáveis demais. Mas eu chafurdo, me belisco, observo a memória, bebo absolutamente todo esse vinho amargo, pra que não tenha mais safra pros próximos anos.

Meu aniversário já foi um inferno astral fortíssimo. Um castelo que eu construí na base da ignorância e do egoísmo. É a vontade de interagir e de ser amado, batendo de frente com a loucura da insensatez, de não entender o outro, sequer tentar se colocar na posição do outro ponto de vista. Hoje eu sei que eu sou bem mais empático do q eu já fui, até demais, mas antigamente era difícil reconhecer humanidade. Ver as situações de fora, se tirar da equação, aprender que nem tudo, por menor ou maior que seja, é sobre a gente e sobre as nossas escolhas. Se tirar das situações pra mim, foi uma das maiores provas de amor próprio que eu me dei, se dar ao trabalho de entender que o mundo não é nosso umbigo. 

Mas nesse buraco, eu só via eu, e só via minha dor, e só via como o mundo era cinza demais pra eu ter um bom fevereiro. Eu já te perdoei por muita coisa, mas não acho que me perdoei por toda a dor colateral que te causei.

A parte chata é saber que eu preciso me perdoar pra esquecer, mas ainda acordar com a taça cheia de memórias amargas. Eu consigo? Talvez. Eu quero? Demais. Eu vou? ...

...

...

Feliz aniversário, Marcelo.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Sensação estranha

 Quando eu fechei o portão e me preparei pra dar o segundo ou terceiro passo, eu parei. Muito rapidamente meu cérebro me disse que eu havia esquecido algo. Eu fechei minha mão direita e senti falta do atrito. Um milésimo de segundo de culpa depois, o alívio veio. Eu não precisava me preocupar mais com isso, e já faz um bom tempo que vivo assim.

As vezes eu me surpreendo com a capacidade do meu cérebro de lembrar coisas e sentir falta de pequenos detalhes que eu já forcei que fossem apagados. É incrível como a sensação vem crua, fortíssima, pra no mesmo instante ir embora.

Eu me peguei sorrindo, pensando nos bons momentos, mas passou rápido. O veneno da nostalgia é doce, mas eu sei bem o que acontece quando ele preenche as fissuras da minha alma. Temos todos textos explicando como a areia foi embora e agora eu estou cheio de muita coisa mas nada demais. 

Eu fechei a mão e me forcei mais uma vez a lembrar, de que eu não tenho nada lá. 

Eu não preciso sentir isso.

E eu me pergunto se você vai demorar a aparecer.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Fevereiro

 Estou a algumas horas de entrar em fevereiro, meu dito mês de aniversário, e infelizmente uma nova onda de depressão bateu. Tá batendo quadrada essa, com todas as velhas sensações e vontades. Fugir de tudo, me isolar, deixar essa onda passar de alguma forma.


Em um dos meus últimos aniversários pré-pandemia, eu tive aquele dia de que ninguém lembrou do meu aniversário. E aquele dia me quebrou de uma forma tão completa, pq realmente, ninguém lembrou. Pessoas super próximas, que supostamente deveriam ter lembrado, ou que apenas me deixariam um pouco melhor de ter lembrado, nem sequer passou pela cabeça delas. E aquele dia me fez pensar muito sobre isso, sobre como a gente tem como garantido certas coisas, mas que não deveria, nem por um breve momento, manter isso como se fosse certeza. Eu parei pra pensar nos anos anteriores, e como eu havia encarado meus aniversários até então. Eu nunca liguei muito, nunca quis comemorar. Eu não sei comemorar essas coisas, e não me importo em aprender. A partir daquele aniversário então, eu virei uma chave. Parei de esperar que as pessoas lembrassem, e passei a lembrá-las eu mesmo, antes durante e depois. Eu mesmo passei a fazer questão do meu aniversário, e na verdade fazer questão com que as pessoas falassem comigo, me dessem um parabéns e pensassem em mim um pouco. 


E ali tava a chave da carência virada e resolvida, tratando a data de forma diferente, as coisas mudaram pra melhor e eu voltei a me sentir muito bem com meus aniversários, não esperando nada, mas fazendo um mínimo.


A real é que fevereiro sempre foi um mês pesado pra mim. Não gosto de usar a expressão inferno astral, mas é que é tão batida essa depressão, as coisas ruims, os desencontros. Incontáveis as vezes que já briguei em fevereiro, discussões sem sentido, erros e falta de tato, eu realmente fico insuportável e difícil de lidar durante esse período. Essa depressão de agora é apenas um alerta, e eu já vim correndo tentar botar pra fora essa sensação ruim. Eu não quero isso pra mim, eu não quero me sentir mal, não quero me isolar, não quero ficar triste. Eu aceito que tenhos várias pendências, mas estou aberto a tentar entender o pq dessa provação, nesse tempo. Eu ando sonhando com paz denovo. Que tudo se exploda em paz e tranquiilidade. Esse sonho foi incrível.


I stopped dreaming of you

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Enigma - Sadness - Part I

 Eu estou legitimamente surpreso de ter acordado hoje, e ainda levantado.


Acho que ontem foi um dos dias mais tristes que eu já tive a oportunidade de experimentar. Tristeza sem perspectiva, sem lágrimas, desesperançosa que só. Uma dor xôxa. Uma sensação de desespero míngua, impotência em alterar o rumo da situação, que se misturou com a habitual falta de vontade, e que me surpreendeu se transformando em tristeza. Cristalina mesmo. Os pensamentos ruins vieram, mas não tiveram espaço. Eu me senti tão afundado no barro que eu pulei várias etapas e só desisti. Óbvio que a pior parte se aproveitou da insônia surpresa. A insônia é uma velha amiga, mas ela não anda tão frequente. Isso me incomoda mais do que eu gostaria de admitir, se fosse a certeza da insônia, pelo menos eu poderia me preparar, mas ela vem sem avisar, em dias que eu estou cansado ou não, quando eu menos espero, quando a cabeça está fugindo da realidade no travesseiro, ela aparece e me furta todo o descanso. Entra o redemoinho de todas piores experiências da minha vivência, a vontade de dormir, o cansaço, o cérebro parcialmente desligado, mas o corpo não apaga. O desconforto lento de todas as posições na cama, a percepção de cada pequena sensação do corpo deitado, a respiração torta, o nariz entupido, os olhos cerrados com uma força descomunal. O desdém pela vida. Acho que levantei apenas por conta da minha maldição que acabei de lembrar. Eu só posso ter boas segundas feiras. É uma excelente maldição, inegável. FIco torcendo pra ela durar pra sempre. Ontem foi difícil. 

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Eye of the storm

 I am looking into the sink, the water slowly fading away, muddy black water, bloodied and disgusting.

My tears are bitter and burn my eyes.

What should I do? What should I have done? This pain is nothing. I can just heal and forget, but my heart, these feelings, its like they will never go away. Will I be able to just forget? How can I start thinking of forgetting this? This is so much of me, such a huge part of my whole being. Its like killing a bigger part of myself then I am able to. I cannot survive this. Will not.

You can and you already did survive more than this. Its recent, it hurts, you are unable to distract your mind, you are only thinking of the blood you are seeing, not the blood that will come. Staying like this will be so much worse, you have no idea how much hurt is in store for you.

I look into the mirror and my bloodshot eyes leer at me; I shudder with disgust. How could I let myself get this low? How, for a second, could I think things would be different? How?

I start crying, again. Ugly sobs, and my body contorts and I can't hold myself straight. I double over in pain and spit a blob of fresh blood on the sink.

This is consequence. Comeuppance. You had your reasons, you believed something different would happen, you tried, and its so, SO beautiful that you tried, you were not afraid to get hurt again, you had the courage that I never thought you would have, again. That is what is important and what you should remember from this. This took heart. You have a heart. Still do. 

My heart screams. Never again, never again, never again. The pain is escalating quickly and my thoughts grow darker by the second. Am I that needy? Am I that desperate? Am I just willing to destroy myself on behalf of what? Dreams? Figments of my imagination? Delirious feverous wishful thinking? Am I crazy? What is the toll of this absurd madness?

Rest, my friend. Do not think of this. Rest. Sleep. Cry your eyes out. This is but the worst part, the beginning. You will grow out of this. It will pass. Believe this pain. Know that it marks you, as one of the living. One of the brave. One of the persistent. You have not given up yet. You hurt because you care.

I stayed down. My sobs eventually died down. My split mind finally found comfort in nothing. I decided not to hurt myself anymore. Some time passed. I got up. I cleaned myself on the sink again. The foul stench was almost gone. The rough edges of my hand were clean. My tears were not burning anymore. 

I tried. I failed. I was not aware of what I wanted, again. I could do more. I will do more next time. I will be more certain. I will me more incisive. I will be more whole. I stay broken, but I will glue myself. 

As my thoughts stopped hurting, I moved to the bedroom. I changed clothes. I got comfortable and laid down on my bed. I bawled my eyes out, until I could not cry anymore. Until it felt good. My resolve was not clear, but was there; Let it go, but don't give up.

And I slept. 


I dreamt of your naked back again.