sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Ao infinito, e além

A cabeça dele deslizou sobre os ombros dela, e voltou ao lugar rapidamente. Um movimento bastante brusco, mas que ela ignorou.

 - Desculpe, acho que estou ficando sonolento...

Ela não quis dizer nada. Simplesmente passou a mão pela nuca dele, e fixou a cabeça dele de forma confortável no seu corpo.

 - ... Mas esse pôr do sol está realmente diferente... você se lembra da última vez que vimos... o pôr do sol assim? Não exatamente dessa forma que estamos agora... Mas quando olhamos para ele, e podíamos apenas nos preocupar com sua beleza, com seu significado, e apenas isso... Eu não consigo me lembrar...

Seus olhos estavam mareados. Na sua cabeça, as lembranças passavam na velocidade da luz, e ela se lembrava de cada toque, cada sorriso, cada expressão, mas tudo se perdia em sua mente. Ela sabia que se falasse algo, ela começaria e não conseguiria mais parar de chorar. Um som pequeno, muito abafado, saiu de sua garganta. Ela fechou os olhos, e segurou o corpo dele mais firmemente. Como se ao fazer pressão, ela conseguisse prolongar aquele momento ainda mais.

 - ... Me desculpe.

Ao ouvir essas palavras, os olhos dela se abriram. Não podia ser possível.

 - Eu... não queria que nossa próxima conversa tivesse que... ser assim. Eu acho que isso acaba dificultando as coisas pra mim... e principalmente pra você... Mas eu... não poderia ser diferente. Eu não podia...

Ela colocou a mão na boca dele. Ela não queria que ele falasse nada. Estava falando demais, e ele tinha que poupar forças. Logo o socorro já estaria aqui, e tudo acabaria bem. Uma voz na cabeça dela já dizia que a esperança era inútil. Não havia como acabar bem. Ele havia perdido sangue demais. Ela tinha certeza de que o estado dele era bem mais grave do que ele aparentava. Engraçado como ele sempre parece ser mais forte do que é, mesmo nesse estado.

 Ele retirou a mão dela do rosto lentamente.

- Sabe... Eu ainda penso em como poderia ter sido... diferente?... Eu sei que é muito egoísmo mas... como eu poderia me forçar a simplesmente esquecer...

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