segunda-feira, 30 de maio de 2022

Timbre

 Agora quem gargalha sou eu


por dentro eu grito, estremeço, vibro como se fizesse sentido novamente

a sensação é afobada, não é real; o corpo borbulha: anseia, não dorme, se desentende

dessa vez não reconhece por um motivo diferente

o timbre é arbitrário

Eu não sinto vontade de deixar passar, meu conforto não está na quietude, a palma da mão arde, a cabeça gira e gira e gira

meu peito alarda, um suspiro solto, o riso extravagante, o sorriso que vem da lua

eu estava anestesiado, perdido em um mar não tão salgado. Horizontes sem fim de calmaria tortuosa

a tempestade veio, me encheu de ar, de som, de vontade

eu não morro mais, até eu morrer

a música que vem tem o tom do seu olhar

a batida do meu peito são seus passos

a melodia que vejo é seu corpo


O timbre é minha cabeça longe do lugar certo

Quem sou eu?

Que poder eu tenho?

Como?

a ansiedade vem rápido e dilacera, não tem remédio, não tem travesseiro, não tem conforto



não é tão ruim

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